A música que corta o ar não diz nada
como se soubesse não termos ouvidos
para senti-la.
Nada,
não há nada de concreto aqui
Apenas o vazio a nos consumir o ar e o sentido
as particularidades dos nossos últimos instantes
pouco a pouco consumidas
silenciosamente
desesperadamente
impunemente
como se fossem ecos
cada vez mais distantes
e sem cor
Tranco a mim mesmo num local bem seguro
mas ainda não sei como te deixar lá fora
escapo momentâneamente da perda
mas a tua presença amplia o medo de saber do meu vício
do que me faz derrotado
inescrupuloso
vil
[os teus olhos,
teus infinitos olhos castanhos
devorando os meus]
Que sorriam os palhaços de domingo
Que renasçam as manhãs abortadas
Hoje,
um amor morreu.
Um comentário:
"Tranco a mim mesmo num local bem seguro
mas ainda não sei como te deixar lá fora"
Fiquei sem ar ao ler essa frase...
berjos!
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