segunda-feira, 27 de novembro de 2006

pra marianna,
numa madrugada amputada de mim.



(Há um grito preso na minha garganta. Tem as cores do teu nome, ele disse. Bifurca meu horizonte sem apontar uma direção. Sou um homem só, foram suas últimas palavras antes de vê-la afastar-se lentamente, caminhando com a leveza de quem se despe de um fardo por demais datado. Ela, a menina que amanhecia seus girassóis, partindo. Como se a vida fosse uma peça barata a ser encenada exaustivamente, aquele homem, de mãos suaves e delirantes, repetia diante do espelho: a felicidade é um momento crível, por deus, tem que ser! Inútil. Não conseguia convencer a si mesmo de que tudo voltaria a ser como no início, quando as manhãs respiravam sorrisos e os olhos daquela menina eram só os olhos da menina que ele tanto amava, e não aqueles rastros de nada que agora assombrariam um futuro não visto, futuro de um homem qualquer. Sem compaixão, sem esperança, a vida tropeça naqueles que não sabem dançar)



é teu o adeus...
comigo, o que ficou retido
nas entranhas dessa recusa
desesperada e muda
como se amor não pudesse
um dia acordar mais cedo
para morrer sem livrar-nos
do fantasma de nós dois.

sábado, 18 de novembro de 2006


ponto inalcançável
quando marcas extraem
de ti reticências
(amor assim parece)

erro prescrito
quando promessas impõem
a ti congruências
(amor assim padece)

sábado, 4 de novembro de 2006


faz silêncio por aqui
o que torna o quarto impregnado
dessa lembrança de você
engasgada nos meus rastros
arquivada na luz branca
refletida sobre as palavras
escritas nuas em mim