domingo, 29 de janeiro de 2006

nutra-se
dos meus
ossos
eu dou-te
os meus
ossos
todos
e quero
o
azul
dos teus
sonhos
febris.
na minha boca
um universo
onde desfaço
a trilha da morte
para que
a
eternidade
possa brincar
aos teus pés,
descalça
da nudez
distraídados girassóis
.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

nas calçadas desta cidade úmida e desmemoriada, o vazio sobrevive cercado por

corpos-sentenças


[cabeças, troncos e membros amontoados numa prostração mordaz, esquecidos no tempo, estagnados ao léu, lambuzados numa estética crua]


nas esquinas desta cidade cravada no meio do rio, o luar cresce limitado por

sombras-cadências


[tateando as horas, admito a exatidão das minhas perdas, subscrevo o lamento do próximo amanhecer e afogo-me nos cantos hipócritas da minha alma]