segunda-feira, 25 de setembro de 2006


a casa
vazia de esperança
escondia restos de sorrisos
em caixinhas de fósforos
e gavetas empoeiradas
como se assim fosse possível
estrangular o peso da morte
que a vida sabe impor

quarta-feira, 13 de setembro de 2006



há paisagens se desfazendo diante de nós. ruidosa, a cidade escoa o excedente, as sobras desta primavera anunciada com entusiasmo. bobagem! estou diante de fatos: teu amor embruteceu e eu sinto-me velho para acreditar nisso de esperanças renovadas. eu sei das cores que a nova estação trará e aceito teus argumentos, todos, mas não aprendi a calar meu desconforto. uma questão de sobrevivência, escuta: é preciso abortar-nos por completo para que a nossa vida escape desse desmoronamento. amanhã, espero não estares ao meu lado. até lá, vou fingindo que tudo está bem. este é o custo de anos e anos de convivência, respeito, rotina e ilusões. infelizmente, só descobrimos agora. e já é tarde, tarde demais.