
redon
madrugada,
apenas outra madrugada
acobertando palavras
engasgadas na alma
tiquetaqueando o medo
fingidor de quem sou
(perdoa-me por não ter
de deus escapado aos afagos
e buscado a esperança
nos jardins da minha infância:
eu não soube alcançar os abismos teus)
madrugada,
e o peso de outra manhã
a aproximar-se daqui
inevitavelmente lúcida e conhecedora
de mim os demônios irascíveis
(escavo velhos refúgios
pedaços desertos de fé
para que eu possa saltitar sobre a dor
antes que o sol de ti revele as sobras:
eu não pude enfrentar os caminhos meus)