quarta-feira, 26 de dezembro de 2007


na última vez em que estiveram sozinhos, estrangulados um do outro, era uma tarde de dezembro e embora não chovesse, o céu parecia escuro demais, ruidoso demais, distante demais,envelhecido demais. havia fotos sobre a cama, memórias fixadas à parede e um amontoado de sonhos, sonhos em sépia, feito chão outonal coberto de folhas. fecharei a porta sem olhar para trás, pensou. atravessarei a rua com passos firmes, decidiu. seguirei adiante mesmo que aos tropeços. é isso? deixar tudo porque tens medo, porque abraças o vazio como quem rumina esperanças? fraco, é o que és. um tecelão de destinos reticentes. na última vez em que estiveram sozinhos restava uma pálida imagem refletida no espelho, feita de rostos tristes a velar o anúncio de um amanhã tranqüilo, acomodado e pio. porque a imobilidade sobrevive ao tempo quando o amor está farto de si.


imagem de dino valls

2 comentários:

Maria disse...

"porque a imobilidade sobrevive ao tempo quando o amor está farto de si."

isso fecha bem esse entendimento.

bj

Alice Sant'Anna disse...

douglas, obrigada pelo elogio no blog, fiquei muito contente!

beijo