quinta-feira, 5 de outubro de 2006


redon
madrugada,
apenas outra madrugada
acobertando palavras
engasgadas na alma
tiquetaqueando o medo
fingidor de quem sou

(perdoa-me por não ter
de deus escapado aos afagos
e buscado a esperança
nos jardins da minha infância:
eu não soube alcançar os abismos teus)

madrugada,
e o peso de outra manhã
a aproximar-se daqui
inevitavelmente lúcida e conhecedora
de mim os demônios irascíveis


(escavo velhos refúgios
pedaços desertos de fé
para que eu possa saltitar sobre a dor
antes que o sol de ti revele as sobras:
eu não pude enfrentar os caminhos meus)

6 comentários:

Ivã Coelho disse...

A fé, por vezes, é o principal refúgio duma alma farta de dor. Mas, pergunto-me eu quase todos os dias, no que ter fé?

E assim caminho.


Abçs

Luana disse...

Não se pode enfrentar tudo...

Adorei...
Beijos...
:)

Anônimo disse...

Madrugada... Te espero para desvendar as sombras.

Joana Careca disse...

Adoro a madrugada.
Um beijo
Joana

Tempestade disse...

menino que brincava com soldadinhos de chumbo, só com doses de veneno nas veias é que se consegue atravessar as madrugadas misturando lembranças e solidão.

Wilson Guanais disse...

levei, ta lá.

abraço